terça-feira, 18 de maio de 2010

Fases do amor

1 - Paixão,

No inicio do relacionamento, vemos a pessoa apenas como algo que nos faz bem, alguém que nos livra da rotina ou que nos dá paz, com o tempo, vê-la todos os dias não é o suficiente, ficar nos seus braços 24h não é nada, nessa fase todos os hormônios (e neurônios) do corpo estão completamente ligados em apenas uma coisa, aquela pessoa, tudo é um motivo para vê-la, e tudo o que se pode fazer para agradá-la ainda será pouco, muito pouco.
Nessa fase as “mascaras” ainda permanecem, mascaras estas que nada mais são que os defeitos, não que a ela queira esconde-los, mas o que acontece é que por mais que estes estejam a olhos vistos, você simplesmente não consegue ver, a paixão tem o dom de nos deixar completamente cegos, surdos e, para algumas coisas, mudos.

“Quando fecha seus olhos eu estarei dormindo.” ‘Pelleas e Melissandra’, Pablo Neruda

2 - Paixão latente (a queda das mascaras)

Quando a paixão se confunde com o amor, entramos na fase que chamo de “pré-amor” que é aquela mais sentimental, onde tudo dá certo, tudo nos faz gostar ainda mais da pessoa, nada pode ser melhor que a companhia dela, e nada mais lhe satisfaz, apenas “aquela pessoa”. Quase sempre os dois chegam juntos nessa fase, e ela é, quase sempre, a melhor do relacionamento onde nada dá errado e é quase sempre uma fase perfeita.
É nessa fase que as “mascaras” caem, e até conseguimos ver os defeitos do outro, porem a paixão está em um nível tão irracional que as qualidades superam qualquer defeito, e tudo o que há de importante é a outra pessoa, o mundo simplesmente não existe, ou não faria sentido algum sem a (o) amada (o).

3 - Amor

O amor é completamente incompreensível, e por isso não tentarei (nem conseguiria) explicá-lo, cada pessoa sente diferente e com uma intensidade completamente diferente, mas na maioria dos casos é a fase em que você conhece os defeitos e qualidades, e às vezes nem consegue entender como ela pode te fazer tão bem, e como alguém pode ser tão indispensável, mesmo quando todos a sua volta dizem que ela não é a pessoa certa, que ela não merece tamanha consideração.
Aquela falta de ar da paixão se foi, mas o abraço do seu parceiro(a) ainda é a melhor coisa do mundo, a sua companhia ainda é a melhor, seu beijo ainda tira o fôlego, e assim por diante.

“ninguém lhe diz que você está apaixonado, você sente” Oráculo, personagem do filme Matrix.

4 - Amor de segurança ou Paixão racional

O tempo como sempre estraga tudo, e infelizmente nada é eterno, e como tudo na natureza, o amor também possui o desgaste natural, é quando passamos para a fase em que continuamos a nos relacionar com a pessoa apenas pelo fato de não termos nada melhor em vista, e provavelmente estamos passando por uma fase sem mudanças em nenhum dos campos, seja profissional, econômico ou social.
Essa pessoa nos transmite segurança e ainda nos faz muito bem, essa fase é o que alguns chamam de “comodismo” e eu chamo de “amor racional” ou “amor de segurança”, pois ainda é amor, por mais que não seja aquele envolto em paixão, mas ainda é o velho amor.
É geralmente nessa fase ou na transição para ela que separamos os casais duradouros dos relâmpagos, e ela é a mais inconstante, podendo durar muito ou não, dependendo muito dos dois envolvidos no relacionamento, se o outro entender esta condição e aceitar, se ele não aceitar, se ele também estiver tudo isso varia muito de pessoa e de relacionamento.
A diferença entre “amor de segurança” e “Paixão racional” está somente na intensidade do sentimento, e nas características do caráter da pessoa, um é mais raro, e o outro é fatalmente comum. O “amor de segurança” está mais presente nos casais mais antigos, quando um dos envolvidos não tem muita saída a não ser ficar no relacionamento, o outro é um alicerce seguro e inatingível. Já a paixão racional está ligada com diversas outras coisas, outros sentimentos, milhões de possibilidades, amizade, comodismo, filhos, medo de não magoar o outro, enfim, centenas de possibilidades, onde é cômodo e perfeitamente compreensível continuar ao lado da pessoa mesmo sem sentir aquele “amor que devora”.
Provavelmente 95% dos casais que você conhece, um dos dois ou o dois estão nessa fase.

“É sempre amor, mesmo que mude, é sempre amor mesmo que alguém esqueça o que passou” ‘mesmo que mude’ Bidê ou Balde

5 - Afastamento e Negação

Os dias passam e você já não sente a mesma saudade, aquela pessoa que antes parecia sem graça hoje tem um charme a mais, os problemas já estão quase impossíveis de resolver, e as brigas são quase homicídios triplamente qualificados. Essas características mostram o fim da paixão (não necessariamente do amor) e dependendo dos envolvidos, marcam o começo do fim do relacionamento e conseqüentemente e o inicio do sofrimento da perca, e com ela a negação do sentimento e da dor, isso lógico na maioria dos casos, alguns conseguem passar por essa fase mais tranquilamente, como se nada tivesse acontecido, já outros nem conseguem passar.
Quando o amor acaba geralmente fica perceptível, e quando o parceiro (a) descobre geralmente há duas reações lógicas, ou ele(a) tenta de todas as maneiras suprir as lacunas que ele acha que causaram esse “fim do amor” ou simplesmente chega e tenta acabar o relacionamento numa boa, mesmo ainda gostando.
A fase da negação tende a ser muito difícil até para os que os que já tinham um sentimento muito forte, o término de uma relação sempre tende a ser muito difícil, sempre se tem de abrir mão de muitas coisas, darem o braço a torcer, e agüentar muita coisa, como solidão e saudade, por mais que esteja rodeado de pessoas.

“De repente, do riso fez-se o pranto, silencioso e branco como a bruma” ‘Soneto de separação’ Vinicius de Moraes

Considerações finais

Essas fases se enquadram pra maioria dos relacionamentos, mas logicamente que não para todos, sempre há exceções, não há tempo Pré-definido para mudar de uma fase para outra, às vezes acontece de certas pessoas não saírem de determinadas fases durante todo o relacionamento, enquanto a outra já está na do afastamento, isso acontece geralmente nos mais rápidos.
Em minha humilde opinião, o amor não é uma sentimento a ser medido, nem qualificado, portanto não acredito em “eu te amo menos que você a mim” ninguém é igual, e assim, ninguém ama igual, alguns são mais desmedidos e se entregam totalmente, outros são mais comedidos e já não se entregam, assim o amor vai variando de pessoa para pessoa e de relacionamento para relacionamento, nenhum foi ou será igual.
Nem com pessoas com caráter parecidíssimo com o nosso teremos um forma igualitária de amor, não sentiremos da mesma forma, eu sei, é inexplicável, mas a partir do momento que conseguimos explicar já não é mais amor.

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