quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O dia em que virei Palmeirense.

“Conheci” o Palmeiras em 1993, meu pai já era palmeirense, eu “torcia” para outro time, costumo dizer que era uma paixão repentina, e com o palmeiras foi amor, amor verdadeiro. Era dezembro de 1993, eu tinha apenas sete anos, mas apesar da minha memória ridícula, esse é um dos únicos dias que eu lembro quase tudo o que aconteceu. 

Era inverno, e como tal, estava frio, eu havia viajado para um tratamento de saúde, meu pai me acordou cedo e disse “a gente vai no estádio, te arruma” eu não torcia pro Palmeiras e sabia que o jogo que aconteceria na cidade naquele dia era Palmeiras x Vitória, o segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro, eu era pequeno, mas já imaginava a confusão que isso era em uma cidade nas dimensões de São Paulo, e como sempre gostei de confusão, em alguns minutos estava pronto para ir a primeira vez ao estádio. 

Passamos algumas horas no congestionamento no trajeto hotel – Estádio, o jogo foi no Morumbi, estádio do time que eu “torcia” época (sim, eu já fui bambi), e logo ao chegar na entrada do estádio meu pai já jogou o desafio “Tu só vai entrar comigo se virar Palmeirense” lógico que era mentira, mas eu naquela idade ainda não sabia (e às vezes ainda não sei) quando as pessoas estão mentindo ou não, e logo disse que trocaria de time, no momento foi da boca pra fora, mas o que aconteceu a seguir foi inexplicavelmente maravilhoso. 

Alguns momentos depois, meu pai fez uma das coisas que mais agradeço a ele em toda a minha vida, ele me deu a minha primeira camisa do Palmeiras, e quando a vesti aquele manto verde, foi como se um mar de racionalidade e sentimento me invadisse ao mesmo tempo, considero que nesse momento virei Palmeirense de verdade. 

E quando entrei no estádio as emoções que senti foram só me fazendo ter certeza que eu havia perdido os poucos anos havia vivido em que não ainda não era palmeirense, e que dali por diante eu seria mais um naquele oceano verde em que havia se transformado o Morumbi. 

Edmundo e Evair marcaram, a vibração da torcida, as musicas cantadas, até as brigas, eu lembro de quase tudo, e quando lembro, a vontade que tenho é de chorar de felicidade, eu vi, no estádio, meu time ser Campeão, eu torci, vibrei e assim o amor que sinto até hoje começou a ser moldado. 

No ano seguinte vi mais um titulo nacional, e deste então testemunhei uma LIBERTADORES, um Rio-São Paulo, uma Copa dos Campeões, duas Copas do Brasil, outro brasileiro uma Copa Mercosul, e dois Paulistinhas... 

Agora deixo vocês com um texto do Grande jornalista e Palmeirense Mauro Beting, texto feito em ocasião aos 95 anos do Palmeiras. 

Buona sera a tutti. 
Qui, 95 anni fa, soltanto si parlava l’italiano. 
Em 1942, aqui já se sabia ser brasileiro. 
Em 1951, o mundo falou português para aplaudir o campeão da Copa Rio. 
Há dez anos, a América descobriu que nesta terra em se jogando só dá Palmeiras. 
No século XX, ninguém no país do futebol falou mais a palavra “campeão” que o palmeirense. 
Cent’ anni, Palestra Italia. Parabéns, Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo. 
Parabéns, Sociedade Esportiva Palmeiras. 
Parabéns a todos os palmeirenses presentes que sabem o presente que é ser palmeirense. 
Parabéns aos não palmeirenses presentes. 
Vocês não sabem o que estão perdendo. 
Ou sabem muito bem como é perder para o Palmeiras. 
Também deve ser fantástico ganhar do nosso time, imagino… 
Agora, imaginem como é maravilhoso ganhar pelo Palmeiras. 
Como representante da Sociedade Esportiva Jornalismo, tenho a honra e o prazer de ofício de estar apresentando a nossa festa como um Oswaldo Brandão de cerimônias. 
Não sou um jornalista palmeirense. Sou um palmeirense que está jornalista. 
Nada estou ganhando do Palmeiras além do tudo que o Palmeiras me faz ganhar há 42 anos. 
Jamais posso cobrar a instituição como um jornalista que só pode cobrir o clube. 
Só posso cobrar o meu time como corneteiro que nasci e vou morrer verde. 
Não posso cobrar o Palmeiras porque o Palmeiras não tem preço. 
Nem um Ademir da Guia das palavras poderia descrever o que é o nosso clube. 
Só posso dizer ao Palmeiras obrigado pela minha família, pela minha vida, pelo meu amor e pelos meus amigos de credo e de verde. 
Obrigado por tudo. 
Obrigado Palmeiras por ser Palmeiras. 

 Chorei, de verdade.

“Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense, é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense… É simplesmente impossível!”.

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