domingo, 19 de julho de 2009

Parabola do perdão (3ª Parte)

Terceira Parte

Ele estava estupefato, estava a mais de uma semana andando sem nenhum alimento, bebendo apenas a água da chuva que havia caído a dois dias atrás e ele coletou um pouco de água usando algumas folhas de uma espécie de palheiro como o mestre havia lhe ensinado, o guerreiro estava prestes a desistir, sem o mestre sua vida era mas difícil, até para ele, um guerreiro.
Caiu desmaiado na sombra de uma arvore e decidiu que por lá mesmo ficaria esperando a morte. Mas não, ele não morreu, acordou dois ou três dias depois em uma cama arrumada e quando levantou se deparou com seu mestre instintivamente o guerreiro abraçou e fez reverencia ao seu mestre que rapidamente começou a conversar com ele.
-Como você chegou até aqui? Indagou o mestre.
-Eu simplesmente segui meu coração, como o senhor sempre me ensinou. Respondeu o guerreiro.
-Você praticamente atravessou a província inteira, e me diz que fez isso apenas seguindo seu coração? Desculpe-me, mas isso é impossível.
-Mestre eu estava no lugar que combinamos, como sempre eu fiz tudo que me disseste, eu sempre fiz tudo para que o senhor me considerasse.
-Pois não devia, você é um guerreiro, não precisa mais se humilhar. Falou o mestre em tom ameaçador.
-Eu não preciso, mas ainda não estou pronto mestre, não sou um guerreiro completo, ainda preciso de muitos ensinamentos, e mesmo que já estivesse formado, eu não queria que o senhor me abandonasse, eu lhe considero um pai, um irmão, e não um simples prestador de serviços, um professor.
-Você sempre soube que eu não lhe considero meu melhor discípulo, enfim, que esse sentimento não é recíproco, nunca lhe escondi isso, nunca lhe enganei.
-Mas mestre, mais uma vez voltando a lição de seguir o coração, meu coração sempre me mandou seguir o senhor, lhe obedecer e tentar ser sempre o melhor guerreiro, mas por mais que eu me esforce, o senhor nunca viu isso, eu sempre tenho a esperança que o verá.
-Não agora, quem sabe um dia, você é um bom guerreiro, há muito tempo está ao meu lado, mesmo não te considerando o melhor, eu sempre tive gratidão por tudo que sempre fez por mim, você tem muitos defeitos, mas tem muitas qualidades também, não é um guerreiro ruim, porem não acho certo você continuar a me seguir, você não pode se doar a uma coisa que não vê volta, siga em frente, você está quase pronto, um dia volte e quem sabe eu lhe aceito como meu melhor guerreiro.
-Mas mestre, e tudo o que eu fiz? E o caminho que acabo de percorrer, você disse que era um treino, um teste, eu passei por ele, por que agora você me manda embora?
O guerreiro não contou sobre o treinamento que teve durante o caminho, só iria piorar contar aquilo agora, o mestre era muito tradicional e se contasse iria ser realmente o fim de seu treinamento para sempre, o guerreiro sempre pensava que era apenas uma crise que seu mestre estava passando e em breve o aceitaria novamente, mas dessa vez o mestre parecia estar decidido, e não demonstrava que iria voltar atrás, aquelas palavras magoaram muito, como outras que o mestre já havia dito antes, e algumas atitudes recentes que o guerreiro teimava em não ver, com receio do mestre abandoná-lo para sempre, isso era o que mais o assustava, queria que o mestre lhe acompanhasse até o final de sua vida.ele iria contar sobre o treinamento, com certeza, aprendeu com o mestre que as mentiras não pertencem a alma do guerreiro, mas agora não era um bom momento. E o mestre respondeu.
-Aquele caminho era pra você desistir, já dei diversos sinais de que você não era meu melhor guerreiro, tentava demonstrar que não queria que você continuasse me seguindo, mas você teimava em continuar, então propus esse caminho quase impossível para que você desistisse, ou simplesmente visse que não era mais pra me seguir. Mas como sempre você não desistiu, novamente se deu a abate por mim, tenho certeza que quase morreu durante o caminho, mas ao invés de desistir, continuou. Parabéns, você é um guerreiro muito forte, mas não quero mais que me siga, por favor entenda.


Quarta parte em breve

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