quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lupicínio Rodrigues, um mestre, um idolo.

O estilo de escrever do Lupicínio é sem duvida um dos que mais mexe comigo, a comumente chamada “musica de corno”, mas que nos faz você viajar e lembrar daquele amor de anos atrás que você jurava nem lembrar que um dia existiu.
Ele externava em suas musicas, muitas vezes, casos que aconteciam em sua própria vida, em letras simples e de fácil entendimento popular.

Caixa de Ódio

Tem coisas que as vezes tão fácil julgamos
Que até nos achamos capaz de fazer
Até num coqueiro às vezes trepamos
depois não achamos por onde descer
Um arranhãozinho, uma simples batida
Tem feito ferida capaz de matar
Por isso que eu sempre vos disse querida
Que a gente na vida deve se cuidar

Você por exemplo jamais pensaria
Que uma fantasia em um carnaval
Um simples prazer de uma noite de orgia
Pudesse algum dia causar tanto mal
Matar um amor que já tem tantos anos
Criar um inferno dentro do seu lar
Fazer do meu peito uma caixa de ódio
Como um coração que não quer perdoar



Outra coisa que me aproxima muito deste mestre da musica brasileira, é que às vezes, Lupe, como era conhecido, era classificado como machista simplesmente por mostrar a realidade da mulher, que naquele tempo (décadas de 20 à 70) já mostravam comportamentos que hoje em dia são comuns.


Sozinha

Vivia sozinha,
Num ranchinho velho, feito de sopapo,
o seu rádio de noite era o canto de um sapo,
sua cama uma esteira entendida no chão.
Sua refeição era um bocado de charque e farinha,
pois nem prá comer a coitada não tinha,
sequer no café, um pedaço de pão.

Levei pro meu sítio,
troquei por cetim os seus trapos de chita,
até prá "marvada" se ver mais bonita
pus luz no seu quarto, invés de candeeiro.
E só por dinheiro, sabem o que fez essa ingrata mulher?:
fugiu com o doutor que eu mesmo chamei
e paguei prá curar os seus bichos-de-pé.

Assim me falou
um pobre matuto, coitado, chorando
em seu desespero foi me ensinando,
que em todo lugar mulher sempre é mulher.
Se pede uma flor e a gente lhe dá ela exige uma estrela
e se por acaso ela não obtê-la
se vai com o primeiro homem que lhe der.

Lupicínio tinha um estilo simples, suas canções em sua maioria mostram o cotidiano nostálgico de um homem apaixonado, que foi trocado levianamente por uma mulher, sempre com muito romantismo e simplicidade.
Porem sempre mostrava um lado que dizia que o homem sempre teria que manter seu orgulho para lidar com as situações do amor.

Nunca

Nunca!
Nem que o mundo caia sobre mim,
Nem se Deus mandar,
Nem mesmo assim,
As pazes contigo eu farei.
Nunca!
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei.
Saudade,
Diga a esse moço, por favor,
Como foi sincero o meu amor,
Quanto eu te adorei
Tempos atrás.
Saudade,
Não se esqueça também de dizer
Que é você quem me faz adormecer
Pra que eu viva em paz.

Outro traço marcante era a volta por cima, que ficou marcada em seu maior sucesso, a musica Cadeira Vazia, que mostra a volta de um antigo amor, mas que já foi superado, porem não foi esquecido.

Cadeira Vazia

Entra, meu amor, fica à vontade
E diz com sinceridade o que desejas de mim
Entra, podes entrar, a casa é tua
Já que cansaste de viver na rua
E os teus sonhos chegaram ao fim
Eu sofri demais quando partiste
Passei tantas horas triste
Que nem quero lembrar esse dia
Mas de uma coisa podes ter certeza
O teu lugar aqui na minha mesa
Tua cadeira ainda está vazia
Tu és a filha pródiga que volta
Procurando em minha porta
O que o mundo não te deu
E faz de conta que sou teu paizinho
Que tanto tempo aqui ficou sozinho
A esperar por um carinho teu
Voltaste, estás bem, estou contente
Mas me encontraste muito diferente
Vou te falar de todo coração
Eu não te darei carinho nem afeto
Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
Pra te alimentar, podes comer meu pão.


Lupicínio foi o inventor da expressão “dor de cotovelo”, que segundo ele acontecia quando o homem ia para o bar, pedia uma bebida, apoiava os cotovelos na mesa e lá bebia buscando apaziguar as dores causadas pelo amor perdido.

Volta 
Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama?
O calor das cobertas
Não me aquece direito...
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.
Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado...


Alem das canções de amor, ele também compôs algumas marchinhas de carnaval e, mostrando seu amor pelo seu time de coração, escreveu o Hino do Grêmio, que muitos consideram um dos mais bonitos do futebol.

Hino Do Grêmio

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

50 anos de glória
Tens imortal tricolor
Os feitos da tua história
Canta o Rio Grande com amor

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

Nós como bons torcedores
Sem hesitarmos sequer
Aplaudiremos o Grêmio
Aonde o Grêmio estiver

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

Lara o craque imortal
Soube seu nome elevar
Hoje com o mesmo ideal
Nós saberemos te honrar

Conheça mais composições desse mestre da MPB, acesse.

Nenhum comentário: